sábado, 4 de junho de 2011

Teste: promissor, PlayBook pode enfrentar o iPad 2, se quiser - Terra Brasil

Tablet da RIM tem a parte traseira emborrachada e, na vertical, ? quase metada de um iPad 2. Foto: Emily Canto Nunes/Terra

Tablet da RIM tem a parte traseira emborrachada e, na vertical, ? quase metade de um iPad 2
Foto: Emily Canto Nunes/Terra

Emily Canto Nunes

Para mim, assim como para muitos outros usu?rios, jornalistas e interessados em tecnologia, a experi?ncia com o PlayBook n?o come?ou bem, mas melhorou - muito - depois que a cortina de fuma?a na qual o tablet da RIM est? envolto se dissipou. Deixando de lado o atraso do lan?amento do dispositivo - anunciado no final de 2010 e lan?ado s? em abril de 2011 -, a falta de servi?os de e-mail, agenda e calend?rio e a loja de aplicativos Android divulgada, mas indispon?vel, o PlayBook ? um tablet e tanto, talvez o ?nico realmente capaz de fazer frente, ainda que tardiamente, ao iPad da Apple. Lan?ado nos Estados Unidos e no Canad?, o dispositivo come?a a chegar na Am?rica Latina em junho. O PlayBook com Wi-Fi foi lan?ado em tr?s modelos, com 16 GB de armazenamento e pre?o sugerido de US$ 499, 32 GB por US$ 599 e 64 GB por US$ 699. No futuro, a RIM pretende ter vers?es para conex?es 3G, 4G, LTE e HSPA+.

Na verdade, o teste do PlayBook teve in?cio ainda no BlackBerry World, evento realizado em Orlando, nos Estados Unidos, de 3 a 5 de maio para parceiros e desenvolvedores. L?, recebemos o primeiro dispositivo, que n?o funcionou. Sim, ele apresentava o mesmo problema de atualiza??o de software que motivou o recall anunciado na ?ltima semana, menos de um m?s ap?s o an?ncio do aparelho. ? a tal cortina de fuma?a, neblina ou ainda a nuvem cinza que parece rondar esse primeiro tablet da RIM. Por?m, com um PlayBook funcionando em m?os, a experi?ncia do teste foi outra, e a primeira - e m? - impress?o se desfez.

A come?ar pelo design do tablet, ? importante dizer que muito se falou sobre seu tamanho durante o BlackBerry World, uma vez que a RIM teve tempo para avaliar os concorrentes e seus mais variados formatos. E o que mais se ouviu de reposta ? que suas sete polegadas - 13,0 cm de altura x 19,3 de largura x 1,0 cm de espessura - foram bem pensadas. Algumas das inspira??es para a cria??o do PlayBook e seu tamanho foram as agendas levadas pelos executivos, livros e o Moleskine, marca italiana de cadernos de anota??es.

Por sua apar?ncia, o PlayBook pode lembrar bastante um e-reader, mas as diferen?as s?o significativas, como a tela de LCD capacitiva multitoque - cuja moldura tamb?m ? sens?vel ao toque, ao contr?rio do que acontece com a ?rea in?til em volta da tela do iPad 2 - e a traseira emborrachada, imitando uma capa. De f?brica, o dispositivo vem com uma luva de neoprene, que em nada combina com o slogan de primeiro tablet profissional do mundo e a eleg?ncia do mundo corporativo, mas tudo bem, os acess?rios est?o a? para isto mesmo, n??

Ainda sobre o design, a RIM foi bastante econ?mica nos bot?es, at? demais. Localizados na borda superior, os bot?es de liga e desliga, volume e de play s?o pequenos at? para dedos femininos como os meus. Por vezes, ? dif?cil "acordar" o dispositivo da hiberna??o, aumentar ou diminuir o volume. Na borda inferior, o usu?rio encontra a entrada para o carregador, as portas de Micro HDMI e Micro USB, e tr?s pinos magn?ticos para docks que devem ser lan?ados no futuro. ? importante notar que, ao contr?rio do que fez outros fabricantes, a RIM decidiu n?o ignorar as pessoas (e elas s?o muitas) que ainda confiam mais em seus pendrives e HD externos do que no poder da "nuvem".

Mas a RIM se equipara ao iPad 2 - j? em sua segunda vers?o - e passa ? frente de outros concorrentes como Motorola e Samsung ao apresentar seu primeiro tablet j? com c?mera frontal e traseira, ambas de alta defini??o para fotografias e v?deos: a frontal de 3 megapixels e a traseira de 5 megapixels. Com tudo isso, o tablet da RIM faz v?deo de alta defini??o de 1080p; tem compatibilidade com os formatos H.264, MPEG4, WMV com sa?da de v?deo HDMI. E ao lado da c?mera frontal est? uma luz de LED de notifica??o que avisa quando a bateria est? acabando, por exemplo. Leve, com apenas 400 gramas, o PlayBook n?o tem uma bateria a sua altura, durando um final de semana. O modo de hiberna??o tamb?m n?o parece economizar muita bateria, acaba valendo mais a pena deslig?-lo na maioria das vezes.

Por dentro do PlayBook
No que diz respeito ? parte interna do PlayBook, ? importante falar da ousadia da BlackBerry em optar por um sistema operacional pr?prio, o BlackBerry Tablet OS, criado a partir do QNX, mas de, ao mesmo tempo, reconhecer a import?ncia do Android e agregar ao seu dispositivo a loja de aplicativos do sistema do Google. Mesmo que a Android Market ainda n?o esteja dispon?vel para o PlayBook, tal integra??o pode representar um passo adiante na guerra de gigantes da mobilidade, de iOS, da Apple, contra Windows Phone, da Microsoft, ou contra o Android, do Google. Al?m disso, ao oferecer um sistema pr?prio, que carrega toda a tradi??o da fabricante canadense dos smartphones BlackBerry, a RIM corre por fora na disputa por maior seguran?a na troca de dados. Acostumada a dar aten??o ? privacidade dos clientes corporativos e ? necessidade de dar seguran?a aos executivos e ?s informa??es trocadas entre BlackBerrys, a RIM corre menos risco do que o Android de sofrer com invas?es hackers, por exemplo.

Em se tratando de BlackBerry, parece de fato uma decis?o acertada, uma vez que suas solu??es corporativas em smartphones s?o mundialmente conhecidas e reconhecidas. Isto ?, para a RIM, ? mais neg?cio criar um sistema que converse com seus aparelhos assim como faz o Android com o Google, por exemplo. Quanto ? loja de aplicativos pr?pria, a App World, a RIM est? ciente de que ela deixa bastante a desejar quando comparada ?s dos concorrentes, especialmente pelo usu?rio final, que est? mais interessado em entretenimento. Enquanto a loja de aplicativos Android para PlayBook n?o ? lan?ada, o jeito ? o usu?rio do PlayBook se contentar com o que tem, o leitor de livro Kobo e o aplicativo de montar "scrapbooks" - livros de recortes com fotos -, por exemplo. E com o que ainda n?o tem, como Angry Birds, anunciado no BlackBerry World, mas ainda indispon?vel.

Com uma interface bastante amig?vel, colorida na medida, o sistema operacional s? deixa a desejar quando o usu?rio vai atr?s daquilo que, de antem?o, sabe que a BlackBerry ficou devendo e que todo mundo espera que venha de f?brica: agenda de contatos, e-mail e calend?rio, por exemplo. De resto, o BlackBerry Tablet OS (QNX) ? muito intuitivo, sens?vel a multitoques e gestos e com um dos mecanismos mais f?ceis e t?teis de fechar programas, o qual consiste em arrastar o dedo da borda de baixo para a borda superior uma vez para minimizar a janela e uma segunda para fech?-lo de vez. A home, com apenas aquilo que interessa na parte superior - data, hora, dados de conex?o Wi-Fi, bluetooth, bateria e configura??es e etc. Na parte inferior da home, o usu?rio tem acesso a todos os programas, ou ?s "pastas" dos favoritos, dos games ou dos servi?os de m?dia (no PlayBook,'media').

E para compensar as aus?ncias, a RIM trabalhou e est? trabalhando para melhorar a experi?ncia do usu?rio com o browser. Sem Safari, Mozilla, Google Chrome ou Internet Explorer, o PlayBook tem um browser minimalista, e por isso mesmo eficaz. Janelas, estrela de favoritos, downloads, op??o de tela cheia, hist?rico: o b?sico para navegar na internet est? l?. Al?m da p?gina inicial de "Bookmarks" personaliz?vel e que pode ser exibida em listas ou em ?cones. Tal e qual a RIM anunciou no BlackBerry World, os problemas quanto a sua rapidez foram resolvidos: durante os testes, ele foi r?pido e preciso no abrir das p?ginas. E com mais um ponto a seu favor: o uso da tecnologia Flash da Adobe.

Essa ?, ali?s, uma das cartas na manga da RIM contra seus concorrentes, especialmente a Apple. De bra?os dados com a Adobe, o PlayBook promete ao usu?rio uma experi?ncia de navega??o na internet mais completa e, ao mesmo tempo, atrai os desenvolvedores em Flash para junto da comunidade de desenvolvedores para BlackBerry, que utilizam muito a linguagem Java, e, futuramente, agregando os desenvolvedores de aplicativos Android que queiram estar dispon?veis para Android e para QNX. De acordo com a BlackBerry, s?o mais de 1,6 milh?o de sites em Flash, "em ascens?o".

A capacidade de realizar multitarefas ? outro "slogan" do PlayBook. Rick Costanzo, diretor da RIM para a Am?rica Latina, foi um dos que chamou aten??o, repetidas vezes, para a real capacidade multitarefas do PlayBook. Em conversa com a imprensa no BlackBerry World, ele fez quest?o de demonstrar tal possibilidade ao navegar na internet e abrir dezenas de aplicativos enquanto um filme era visto em uma televis?o conectada ao tablet. Esse tipo de teste foi imposs?vel de fazer, uma vez que o tablet n?o vem com cabo HDMI de f?brica, mas de fato, independente do n?mero de programas abertos e funcionando, o PlayBook sempre se saiu muito bem obrigado, sem telas de erro ou "travamentos". Uma das explica??es para t?o bom desempenho do dispositivo da RIM est? no processador dual-core de 1 GHz atrelado a 1 GB de mem?ria RAM e ao multiprocessamento sim?trico. Conforme Costanzo, o PlayBook ? o ?nico tablet que tira real proveito do processador dual-core.

Por fim, vale lembrar que o tablet da RIM j? est? preparado para funcionar interligado aos smartphones BlackBerry atrav?s do BlackBerry Bridge. E que muitas solu??es corporativas que tornaram a fabricante canadense mundialmente conhecida, incluindo o BlackBerry Messenger, que ainda n?o est?o dispon?veis no tablet, estar?o em breve. Por enquanto, nos resta torcer para que a cortina de fuma?a que envolve o PlayBook desde seu lan?amento seja dissipada e que as esperadas atualiza??es cheguem antes que o tablet chegue ao Brasil - ainda n?o h? data definida para isso. Somente assim os usu?rios poder?o desfrutar do dispositivo naquilo que ele oferece de melhor: um hardware forte, um software amig?vel, e aplicativos pessoais e profissionais. Vale tamb?m torcer para que, com o enquadramento dos tablets na Lei do Bem, a RIM decida produzi-lo em Sorocaba, S?o Paulo, onde j? possui uma f?brica de aparelhos.

Em tempo: na semana passada, o site Business Insider noticiou que a RIM deve ter vendido cerca de 250 mil unidades desde abril conforme um analista da RBC, Mike Abramsky, podendo vender at? 500 mil unidades no primeiro trimestre. Se a contagem for verdadeira, a RIM ter? vendido mais PlayBooks do que as vendas iniciais do tablet Android da Motorola, o XOOM.

O teste do PlayBook foi feito com um modelo de 16 GB e Wi-Fi e com os itens de f?brica: pano para limpeza da tela, capa de neoprene, carregador de baterias e cabo micro-USB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário